Três livros para nos ajudar a refletir o presente

Nessa semana mais uma vez conturbada por erros e falas de governantes ineptos que nos rodeiam aqui no Brasil e no mundo, uma ficou martelando em minha cabeça e me fez conectar diversas leituras que fiz.

O atual presidente do Brasil disse em viagem internacional que “O índio mudou, está evoluindo. Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós.” É inevitável não pensar em exclusão e no sentimento do que seja humanidade e normalidade. E claro, livros sempre se apresentam como uma boa maneira de olhar o tema.

Estou lendo o livro Longe da Árvore, do Andrew Solomon. O título se refere às pessoas que sendo surdas, gays, autistas, etc., são excluídas primeiro da família, pois muitas vezes fogem da máxima de que “uma ‘árvore boa só pode gerar bons frutos,” e da sociedade quando tratadas como especiais por fugirem do padrão dito normal.

Ao tratar desse tema o autor, ao mesmo tempo, mostra a necessidade dessas pessoas encontrarem seus pares e dessa forma se reconhecerem e ganharem a necessária identidade. E em como os processos de inclusão são errôneos e, muitas vezes, negativos para essas comunidades, pois tentam trazê-los para a normalidade sem respeitar sua identidade e características que os identificam.

Daí a importância, exemplificando, do uso da língua de sinais pelos surdos e não somente o código e os símbolos desenvolvidos pelos ouvintes.

Um livro para se ler com vagar e muita reflexão, mas que deve ser lido.

Exclusão nos faz lembrar sempre da Segunda Guerra e do nazismo que tentava “limpar a humanidade” dos não arianos.

Por incrível que pareça, ainda é um movimento que tem admiradores e renasce, nos fazendo ouvir com terror citações de líderes nazistas como Goebbels.

Então me veio à lembrança o livro Uma Vez, de Morris Gleitzman, um escritor australiano. Livro escrito para jovens leitores e que é uma verdadeira jóia. Fala dos horrores do holocausto de uma forma leve quando sob o olhar ingênuo de uma criança de 10 anos.

Reli, e agora consta da minha lista de presentes desse ano, pois acredito deva fazer parte da estante de todo jovem leitor. De que outra maneira, sendo pela educação e leitura poderemos fazer com que loucuras que a humanidade sofreu voltem a acontecer.

Durante a necessária arrumação de minhas estantes de livros me cai nas mãos o livro Noções de Coisas escrito por Darcy Ribeiro, e nessa minha edição antiga ilustrado lindamente por Ziraldo.

O que falar de Darcy Ribeiro um homem que viveu junto aos índios tantos anos e que dessa convivência se deu conta de sua ignorância sobre tantas coisas e que aconselha:

Viva aceso, olhando e conhecendo o mundo que o rodeia, aprendendo. Como um índio (…). Seja um índio na sabedoria.

E deu, em 1995, uma receita que nos vale e muito:

Só resta uma saída: brigar para construir no futuro uma sociedade de tecnologia muito avançada, mas com o gosto de viver a cordialidade, o respeito recíproco e a liberdade que os índios tinham.

Mais um livro, que felizmente tem uma linda reedição, que também está na minha lista de presentes necessários.

Para encerrar, seguindo nessa linha de exclusão e inclusão e de jovens leitores que precisam ampliar seus horizontes, pois cabe a eles o futuro, não podemos deixar de falar do racismo. Mas isso vou deixar para a próxima, combinado? Amplo demais para poucas linhas aqui.

Exclusão é um tema pungente e que tem em muito me inquietado e me faz buscar formas de alerta explícitos na boa literatura e não didatismos baratos.

Bom domingo a todos! Por incrível que pareça janeiro já se foi!

📚Heloiche Lê
 

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